13 setembro 2014

Reticências VI – Ela...



Detesto você me trazer à fala.
Não vê que o nosso elo é de silêncio?
Você fala muito e isso me faz falar
Para que você se cale.
...
...
...

Sim...
É bem melhor assim...
Quando as nossas bocas se juntam
Com nenhum espaço pras palavras
E os nossos olhos fechados
Nos fazem ver a nossa pele:
Cintura com cintura
E os meus seios
E as suas mãos
E os nossos beijos.

Reticências V



Eu sei ficar calado,
Mas a sua boca chama a minha ao ato:
Então falo,
Pedindo também o seu beijo.

Tento ler o seu olhar
Mas, analfabeto,
Só o vejo.
E vejo:
Como às vezes me olha,
Como às vezes se esquiva,
E como às vezes...
                                  sequer
                                                 olha.
E eu não entendo se é fúria ou se é desejo.

E quando você não me vê
Ou por vezes se esquiva
Ou distante me olha,
Ouço você me dizendo:
Me decifra ou te devoro. Sem demora!
Mas você de fato não disse nada...
E eu acabo dando mil respostas à pergunta nenhuma
E você me devora.

É...
Quando tudo não é dito, pode tudo ser ouvido.
E eu, um doente dos olhos,
Imagino de tudo do que nada sei.

Não sei ficar calado...
Acontece de minha alma ser toda feita de palavras.