Existe uma regra que assim diz: “Se
é difícil, então é bom.”, ou “Uma coisa difícil é melhor do que uma coisa fácil.”,
ou ainda “Uma coisa fácil vale menos que uma coisa difícil.”, e também “Se é
fácil, não é bom.”. Bom, eu digo que dificilmente isso é assim.
Eu
poderia começar agora a fazer uma lista de coisas boas que são fáceis e de
coisas difíceis que não são boas. Mas fazer isso para mim seria difícil, logo,
não seria bom. É mais fácil dizer que isso é assim e pronto, e que eu estou
certo e basta você concordar, dizendo “Sim, é verdade”. Se você concordar, pode
pensar exemplos para confirmar, o que para mim é melhor, pois me pouparia o
trabalho de continuar falando sobre o assunto. Mas se você não concordar, vai
pensar seus contra-exemplos para rebater, o que para mim é difícil de ler e
nada bom de escutar. Seus contra-exemplos me colocariam o difícil trabalho de
ou (1) discordar, procurar argumentos melhores e bons exemplos para rebater os
seus, e assim mostrar que eu sei falar difícil e sou bom de raciocínio; ou (2)
concordar com a sua discordância, acatar seus argumentos como melhores e admitir
seus contra-exemplos como bons, mostrando que o que eu dissera, além de
difícil, era pior, pois o que você disse era mais fácil de entender e melhor. De
qualquer modo, (1) e (2) são coisas difíceis e que não são boas. (1) porque
demanda muito tempo, para pouco retorno – será mesmo que essa discussão vai mudar
alguma coisa na nossa vida?; (2) porque pede que eu engula meu orgulho diante
de seus argumentos sensacionais – e você teria que bater nas minhas costas para
que eu não me engasgasse com essa coisa difícil presa na minha garganta, o que
para mim não ia pegar muito bem.
Bem,
como você acaba de ver acima, eu acabei fazendo uma listinha, (talvez [e
propositadamente]) difícil de ler, de coisas difíceis que não são boas e coisas
boas que não são difíceis. É para você ver que é mais fácil concordar logo
comigo e nos poupar de continuar com esse texto difícil e ruim.
Umbelino
Neto, 13.04.2016