13 setembro 2014

Reticências V



Eu sei ficar calado,
Mas a sua boca chama a minha ao ato:
Então falo,
Pedindo também o seu beijo.

Tento ler o seu olhar
Mas, analfabeto,
Só o vejo.
E vejo:
Como às vezes me olha,
Como às vezes se esquiva,
E como às vezes...
                                  sequer
                                                 olha.
E eu não entendo se é fúria ou se é desejo.

E quando você não me vê
Ou por vezes se esquiva
Ou distante me olha,
Ouço você me dizendo:
Me decifra ou te devoro. Sem demora!
Mas você de fato não disse nada...
E eu acabo dando mil respostas à pergunta nenhuma
E você me devora.

É...
Quando tudo não é dito, pode tudo ser ouvido.
E eu, um doente dos olhos,
Imagino de tudo do que nada sei.

Não sei ficar calado...
Acontece de minha alma ser toda feita de palavras.

2 comentários:

  1. Quando a alma é toda feita de palavras, mesmo o silêncio fala. Nunca compreendi ao certo se isto é bom... mas transmutar isto em arte certamente o é. :)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muitas coisas nem são boas nem ruins. Muitas coisas apenas acontecem...

      (Obrigado pelo comentário, querida, o melhor deste ano dos poucos que colocam por aqui!)

      Excluir