14 fevereiro 2020

Ela é assim

Ela é assim
Uma sucessão de cenas explícitas
Porque ela não tem pudor
Não aceita indicação de idade
Não respeita nossa censura

O que são planos diante dela?
Castelos de cartas
Pegadas na areia
Um fósforo aceso

Ela simplesmente adora rasgar os nossos mapas
E mapear todos os nossos erros
E borrar todos os nossos desejos
E nos fazer nos caçar nos espelhos
Por não sabermos mais quem vemos

Com ela não adianta falar
Argumentos? Não
Palavras de ordem? Nada
Lamentos? Fica à vontade, pode chorar
Ela não tem pena
Não há lei que a obrigue
A não ser a que é ditada por ela mesma
Não adianta promessas com ela
Ela é aquilo que só te resta aceitar

Ela dança e a música é seu próprio canto
Ela é quem puxa os passos e quem marca o tempo
Ela dança
E nos arrasta
Sobre esse palco arbitrário também feito dela mesma
E é pior se nos recusamos acompanhar

Ela não para
Não espera
Não tem paciência
E jamais, nunca pede licença

Ela passa, sempre passa
Pode ser hoje ou daqui a 100 anos
Mas ela sempre vai passar
E tudo o que permanece
É o que fizemos dela.

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