que pareciam ser olhos pesados
pesados olhos de insônia
crispados olhos
emoldurados de desejo e frustração
suas mãos tremiam balançando
as taças de vinho engolidas
em frente a um grande espelho
vazio
em que ela mesmo não se via
tendo diante de si outra pessoa
um velho moço...
e tão...
familiar...
que ela...
então...
não reconhecia
quem eram eles senão a sua própria família?
quem era ela que tanto sozinha bebia?
quem era ele que na imagem do espelho sumia?
quem era ela que na própria pele não mais cabia?
quem eram esses embriagados de agonia?
por que subitamente ficou tão agoniada?
incomodada com a barba que lhe surgiu na cara
confundida se era meia noite ou meio dia
e perdida sobre de que lado da ponte estava
se do lado da morte ou da vida
estranhada sob a capa que vestia
se era roupa de sair ou de ficar em casa
esquecida de qual era mesmo seu endereço
não lembrando mais onde morava
nem por que tinha saído ou aqui... lá chegado
ou qual era a hora de voltar em casa
quem era?
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