a enfermeira repetia
eu quero i na rua, eu quero i na rua
a Maria Chorona respondia
pode i dormir, pode i dormir
a enfermeira insistia
eu quero vê a Lua, eu quero vê a Lua
Maria Chorona resistia
pode i dormir, pode i dormir
a enfermeira injetava
eu quero i pra casa, eu quero i pra casa
Maria Chorona gritava
ocê não vai dormir, ocê não vai dormir?
a enfermeira então gritava
eu quero é só i, eu quero é só i
Maria Chorona chorava
me tira daqui
eu quero sorrir
me leva pra casa
eu quero sorrir
Maria Chorona
só...
chorava...
me tira daqui
eu quero sorrir
me leva pra casa
eu quero sorrir
Maria Chorona
só...
chorava...
até o dia que o doutor chegou
e vendo que a injeção já não mais funcionava
tanto era ainda o escândalo que essa Maria dava
Seu Doutor testou nova técnica revolucionária
de enfiar grande farpa no canto da janela da alma
e cortar as fibras da cabaça
e mostrar quem é que mandava
naquela grande e branca casa...
e a boca gritalhona calou
os olhos porém continuaram molhados
o choro porém continuou gritado
mesmo lá dentro
e a boca gritalhona calou
os olhos porém continuaram molhados
o choro porém continuou gritado
mesmo lá dentro
mesmo represado
me tira daqui
eu quero sorrir
me leva pra casa
eu quero sorrir
Maria Chorona
só...
chorava...
me tira daqui
eu quero sorrir
me leva pra casa
eu quero sorrir
Maria Chorona
só...
chorava...
57 outonos de corpo...
paralisado
57 invernos de gritos...
57 invernos de gritos...
silenciados
57 primaveras de risos...
57 primaveras de risos...
abafados
57 verões de choro...
57 verões de choro...
represado
Maria Chorona passou no século passado
numa noite gelada
em silêncio e parada
Maria Chorona passou no século passado
numa noite gelada
em silêncio e parada
finalmente obediente
finalmente educada
havia sido curada
de sua humanidade
havia sido curada
de sua humanidade
sou eu sou eu
Maria Chorona sou eu...
sou eu sou eu
Maria Chorona sou eu...
sou eu sou eu
Maria Chorona sou eu...
sou eu sou eu
Maria Chorona sou eu...
#SonsofVmbrA
Nenhum comentário:
Postar um comentário