16 julho 2022

Lobo alado, eu te batizo (Necromancia de transmutação pt. 2)

seja bem vindo, lobo alado
eu soube que você não tinha nem um nome

filho sem pai, filho do mundo
monstrificado pelo abandono
tudo o que você queria era só um cobertor
e um beijinho de boa noite na testa
e um pão com cafezinho ao acordar

pois eu te acolho, seu minino
e te diferencio
eu olho bem pra ti e te vejo
te aceito sim como você se mostra
teus dentes, garras, pelos e asas
lobo alado vira-latas carniceiro
navegante de tormentas
marinheiro experiente

eu te abraço 
tomo tuas duas mãos
olho nos olhos de fera e te batizo
junto contigo
vamos te chamar de Guará Mirim, o Lobo Colorado

moleque brabo, cara de carranca
espancador de racistas, o terror dos eugenistas
voa no pescoço do corrupto
arromba o peito do ladrão de colarinho branco 
e dilacera a garganta do puto 
que faz mal uso da justiça

respeita quem dá respeito
humilha quem faz despeito
lambe as feridas de quem se fere por ter a fibra de não recuar do caminho certo
dá um capote no negligente egoísta injusto
levanta a cabeça de quem se mantém humilde na fortaleza
mas dá despesa pra quem não partilha da sua riqueza com quem precisa

esse é o furioso Guará
compassivo e bruto
amigo dos verdadeiros e justos
irmão dos que cresceram sem pai
órfão
mas não mais

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