tomar um susto do despertador
antes do dia chegar
tomar café com o remédio
mandado pelo doutor
tomar a condução
pra um trabalho sujo, maquinal e sem razão
e tomar no cu todo dia preso
nessa rotina
como a se a vida fosse um camburão
tomei um tombo
já tomei todas
porque eu tomei as colheradas daquela sopa
onde tu pôs
seu inseto tóxico!
a porra da tua mosca
já tomei ferro todo bobo em ti confiei
e como muitos tomei na cara
mas tomei meu orgulho, pedi ajuda e superei
tomei vergonha na cara não aceito mais
do teu cálice de mentiras eu não tomo
nunca mais
não se preocupe não
eu sei que isso dói
mas já tomei minhas aspirina
de mim eu tomo conta
não se preocupe
eu não me corto
mesmo com esse ódio todo
eu hoje eu me curto
o que eu não curto é a curtida
na postagem da chacina
eu só sei é que na distância
tomamos conta da vida um do outro
sem se dar conta
que o irmão bem do lado precisa de socorro
quando o sol nasce isso é pra todos tomar
vem sol
os seus raios são meus
tão fortes e puros como o meu ódio
purificado, a minha raiva bruta sublimada
em palavras
que eu não domo não
e que eu nunca mais domarei
esse ódio eu tomo puro, preto e amargo
eu tomo aos goles todo
como quem morre de sede no fundo de um poço
esquecido
é que é daí que vêm as forças pra eu sair
devo me escalar sozinho
já que ninguém tá nem aí
foda-se
eu vou me erguer
nem que seja com as próprias mãos
sangrando
é isso aí, foda-se
tomei meu ódio, foda-se
e vou seguir sem pressa
tomar meu sol
foda-se
cuspir meu fogo
e seguir caminhando
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